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Sede da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE/AL)

A decisão do governo estadual de proibir a realização de eventos de final de ano, como as tradicionais festas particulares de Réveillon, devido ao avanço dos casos de Covid-19 em Alagoas, foi contestada durante a sessão ordinária desta quinta-feira, 3, na Assembleia Legislativa do estado (ALE/AL). Em seus discursos, a maioria dos parlamentares consideram a medida como uma “hipocrisia”, tendo em vista as campanhas eleitorais encerradas no último domingo, 29, que geraram aglomerações.

O deputado Davi Maia (DEM) disse que a medida trará prejuízos para o comércio, os ambulantes, os produtores de eventos, assim como o setor turístico e as prefeituras que investiram na realização da festa. 

"Como dizer agora para o comerciante, para o produtor de evento e para o ambulante que eles não podem trabalhar? Qual a condição política tem de se proibir a realização desses eventos que estão programados, mesmo com toda condição sanitária, mesmo com projetos baseados em estudos de universidades?”, questionou Maia.

O líder do Governo a Casa, deputado Silvio Camelo (PV), disse que a questão das eleições não foi uma medida adotada pelo Executivo alagoano, mas uma decisão da Justiça Eleitoral e do Congresso Nacional, e que isso contribuiu para o aumento no número de casos de Covid-19, e que a grande preocupação do Governo é em conter o avanço do vírus e evitar uma segunda onda da doença. “A preocupação primeira continua sendo com as vidas; a economia vem depois. Não é e não será fácil. Teremos que ter, nesse momento, a união do Estado e das prefeituras para que possamos continuar combatendo a pandemia”, defendeu o líder governista.

Os deputados Bruno Toledo (PROS), Gilvan Barros Filho (PSD) e Léo Loureiro (PP) e a deputada Cibele Moura (PSDB), também manifestaram seus posicionamentos sobre a questão. Toledo apelou para que as autoridades do Executivo repensem as medidas que limitam a atividade comercial, principalmente as que estão atreladas ao turismo. “Certamente gerará uma indignação da sociedade, que não respeitará essas medidas”, avaliou o parlamentar.

Gilvan Filho questionou o período em que foi verificado o aumento dos casos da Covid-19. “Pararam de fazer as análises de como estava a Covid e o nível de contaminação da população durante a campanha e retomaram agora? Creio que não”, questiona. “A gente nota que, irresponsavelmente, não foi tomada uma medida durante a eleição, com medo de resultados nas urnas”, observou o deputado.

Cibele Moura classificou como "hipocrisia" a retomada do assunto nesse momento. “Não existe outra palavra para definir esse momento que não seja hipocrisia, depois de uma eleição dessas, onde todos se aglomeraram, vamos agora falar em proibir os eventos e impedir as pessoas de ganharem dinheiro”, disse a parlamentar.

Já deputado Léo Loureiro observou que todos sabiam que após uma grande onda de pandemia viria o "repique" e que não faz sentido responsabilizar as eleições pelo aumento de casos pois, com a reabertura do comércio e o retorno das pessoas às ruas, isso já era esperado. “Nós tivemos restaurantes cheios, bares e indústrias trabalhando, ou seja, era natural que houvesse o repique ou segunda onda como se fala”, disse. “Por isso mesmo, o Governo se preparou para isso. Não estou dizendo que concordo em fechar, mas o que estou querendo explicar é que não se credite às campanhas eleitorais o aumento dos casos”, argumentou Loureiro.

Nesta quinta-feira, o secretário de Saúde, Alexandre Ayres, anunciou que os eventos com mais de 300 pessoas estão proibidos em Alagoas, devido ao avanço de casos de Covid-19 no estado.

Após o anúncio, grandes festas de Réveillons do estado divulgaram o cancelamento das festas e o reembolso dos clientes.

 

*Com Assessoria